terça-feira, 6 de outubro de 2009

Criatividade, o conto

Há um mês minha namorada me perguntou o que eu queira de presente pra comemorar 1 ano de namoro. Eu simplesmente disse: "algo vivo".
Ela então me deu um bonsai, e eu simplesmente adorei. Mas não era qualquer bonsai. Muito longe disso, era um bonsai especial.
Assim que ela me deu a arvorezinha eu tratei de procurar saber tudo o que eu podia para cuidar dela. Como regar, podar e cuidar da terra.
O que eu não sabia, era que o bonsai era rebelde. Isso mesmo rebelde. Quando eu regava na hora errada, a terra deixava a água inteira escorrer para cair no prato em baixo do vaso de novo e molhar toda a sacada do meu quarto. Logo que eu podava um ramo errado ele crescia de novo. E quando eu colocava farinha de osso ou suco de mamona demais em volta da raiz, ela literalmente cuspia o excesso na minha cara.
Porém o bonsai também não era de todo o mal. Muito pelo contrário, quando eu não conseguia acordar para a faculdade de manhã ele esbarrava com os galhos no meu rádio relógio que começava a tocar. Várias vezes quando eu estava em dúvida sobre alguma coisa importante, eu podia ver os galhos balançando em concordância ou reprovação sobre o tema. E sempre que minha namorada aparecia em casa ele soltava um cheiro gostoso que acalmava a gente até nas brigas mais feias.
Um dia fui à Liberdade consultar um senhor bonsaísta chamado Nelson Temonchenoci para me dar instruções. Ele examinou, examinou e examinou o presente que minha namorada me deu, e no final das contas disse que estava tudo ótimo. Disse até que meu bonsai era um dos mais saudáveis que ele via em anos. A única recomendação que ele me deu foi para eu deixá-lo crescer livremente, mas sempre prestando muita atenção nos seus ramos para que a arvorezinha jamais perca a forma.
Contanto que eu cuide bem dele, o bonsai é um amigão. Como a convivência foi se intensificando, a personalidade da planta também. Agora quando eu chego em casa, o rádio está sempre ligado na Kiss FM com o bonsai do lado se mexendo conforme a música. Algumas vezes eu resolvi tirar fotos para trabalhos e o atrevido até posou, o que me rendeu muitas explicações para a professora Silvana de história da arte sobre como eu não sei mexer no photoshop. Ultimamente no calor ele anda me protegendo dos pernilongos, e sempre que eu estou sozinho ele dá um jeito de me entreter. Realmente é bom ter algo vivo.

Um comentário:

ca T disse...

nossa amor eu adorei!! muito legal esse texto.

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